terça-feira, 20 de maio de 2014

12 perguntas entre metas e crenças

Crenças são as generalizações que fazemos sobre outras pessoas, sobre o mundo e sobre nós mesmos e que se tornam nossos princípios operacionais, a maneira através da qual nós tomamos decisões, assumimos posições e agimos no mundo. Agimos como se eles fossem verdadeiros "no mundo" porque são verdadeiros para nós, no nosso mundo. Se pensarmos no mundo como um território, a crença é uma espécie de lente interpretativa ou mapa.
"Assim é, se lhe parece"
- Luigi Pirandello, escritor italiano


Luigi Pirandello,
escritor perspectivista
Alguns mapas vão nos mostrar apenas a tubulação de água, outros apenas a de eletricidade, ou as rodovias, quem sabe apenas as igrejas, farmácias ou campos de futebol. Temos vários "filtros" internos que omitem, generalizam e distorcem a visão de como o "território lá fora" é. Todo mundo tem uma forma de ver a realidade e, se algo pode ser chamado de bom senso, é a ideia de que nenhum "mapa" é mais válido do que outro, ou seja, diferentes interpretações não são necessariamente excludentes e podem ser convergentes e mutuamente elucidativas. Podemos aprender com a visão de mundo do outro. Essa, por acaso, é a base de boa parte da moderna antropologia. 

Tipos de crenças
Existem várias tipos possíveis de crenças: Políticas, culturais, pessoais, religiosas, familiares etc. Para fins de coaching – uma atividade centrada em atingir metas – todas essas formas descritas acima poderiam ser repensadas como dois grupos distintos: crenças potencializadoras e crenças limitantes.

Crenças potencializadoras são crenças que ampliam seu leque interpretativo e suas ferramentas cognitivas
para atingir a meta. Essas crenças envolvem a construção de um estado mental propício para atingir a sua meta. Acreditar que você é uma pessoa inteligente e capaz de explicar didaticamente qualquer assunto que entenda ajuda muito se a sua meta é fazer uma palestra sobre um tema complexo, por exemplo.

Crenças limitantes são crenças que restringem sua leitura e suas ferramentas emocionais e cognitivas para atingir sua meta. São crenças que constroem um estado mental recalcitrante, evasivo ou sem potencial para resolver as questões que diminuem o espaço entre nós e nossas metas. Acreditar que você não tem "talento" para o palco pode fazer suas mãos suarem, gerar uma afasia momentânea (perda da habilidade com a fala ou com a escrita) ou até mesmo dar o famoso "branco".
Crenças limitantes
representações internas
que nos restringem

Performance
Nenhuma das duas crenças, potencializadoras ou limitantes interfere diretamente com o fato de termos de nos preparar para uma palestra ou com o conteúdo que o palestrante domine sobre os assuntos da palestra. Elas interferem apenas na performance que ele vai apresentar na busca pela sua meta. Aí encontramos aqueles exemplos tão humanos de palestrantes que sabem mais, mas têm fraco desempenho sendo eclipsados por profissionais que claramente sabem menos, mas têm maior desenvoltura.

Contexto
O estado mental propício para escrever um livro é diferente do estado mental propício para se afirmar como indivíduo e ter sua fala e opinião respeitadas numa discussão de condomínio. Portanto não existem crenças ou posicionamentos de opinião “certos” ou “errados”. A questão sobre essas crenças serem potencializadoras ou limitantes vai depender eminentemente do contexto e, principalmente, da meta bem especificada."Nós lemos o mundo errado
e dizemos que ele nos decepciona"
- Tagore, poeta e religioso indiano

Contexto externo
A análise de contexto externa vai depender justamente do que sabemos, vemos, ouvimos e sentimos sobre o campo em que estamos atuando. Quais são as regras explícitas e implícitas? Quais os atores envolvidos, seus graus de autoridade e seus "modus operandi" (sua forma de agir) típico? Envolve terceiros? Quais são os interesses dos indivíduos envolvidos? E os interesses grupais ou sociais? 

Você conhece o contexto
externo da sua meta?

A partir dessas e de outras questões vamos compreendendo mais e melhor os contextos em que estamos inseridos e como podemos operar dentro deles com a finalidade de nos aproximar de nossas metas.

Contexto interno
O nosso contexto interno vai depender de nosso autoconhecimento, que podemos medir através de duas camadas de leitura pessoal que chamarei, respectivamente, de leitura estrutural e leitura conjuntural.

A leitura estrutural vai se formar a partir de nossos valores - daquilo que é importante e significativo para nós enquanto indivíduos -, das nossas crenças, das nossas decisões até então - nosso histórico pessoal - e das nossas memórias - do que aprendemos sobre nós e sobre o mundo.
Análise de contextos internos
A leitura conjuntural vai depender de como três fatores se rearranjam dentro de nós: nossos sentimentos, nossos pensamentos e nossos comportamentos. Em determinada situação nossos sentimentos irão "ativar" ou "desativar" nossas ações, o mesmo vale para os nossos pensamentos.

Da mesma forma determinadas ações novas podem desencadear pensamentos e sentimentos insuspeitados até então. Dar um beijo ou um soco, num impulso, pode gerar toda uma nova torrente de sentimentos e de pensamentos que até então estavam represados ou sequer eram considerados.

12 perguntas pensando na sua meta atual:
1.Você sabe quais as regras implícitas e explícitas do contexto da sua meta?
2. Quais os interesses dos atores que participam direta ou indiretamente do caminho entre onde você está e onde você pretende chegar?
3. E como está a leitura estrutural do seu contexto interno?
4.Quais são os seus valores e crenças que estão em relação direta com a sua meta?
5. Existem memórias reincidentes que influenciam sua tomada de posição?
6. Se existem qual é a data delas?
7. E qual fase da sua vida você estava atravessando quando essas memórias foram criadas?
8. Elas ainda são válidas para sua fase atual?
9. Como está a relação entre os contextos externo e interno?
10. E finalmente, como seus pensamentos, comportamentos e sentimentos estão trabalhando em direção à sua meta?
11. Se eles não estiverem gerando um contexto potencializador para que você chegue até a sua meta, o que você prefere mudar: sua meta, seus pensamentos, seus sentimentos ou suas ações?
12. Então qual será seu próximo passo?
"O mundo é cheio de coisas mágicas, pacientemente
esperando que nossa percepção fique mais aguçada"
  
- Bertrand Russell, filósofo.

Renato Kress

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