terça-feira, 13 de maio de 2014

Você sabe o que quer?

Você já passou pela sensação de se sentir desorientado, perdido, sem saber exatamente o que quer da vida? Já viveu a angustiante sensação de estar diante de um dilema ou uma escolha e ficar completamente paralisado? Já perdeu uma chance ou grande oportunidade por simplesmente ficar à deriva, calculando os riscos sem arriscar? E quantas vezes você já se arrependeu de ter feito uma escolha errada?

Decisões podem ser mais facilmente tomadas por algumas pessoas, mas será que isso necessariamente implica em "acerto"? Muito do que nos pedem, hoje em dia, é para que tomemos decisões apressadas, cujos "riscos" já foram calculados para nós por toda espécie de campanhas publicitárias. Para fazermos qualquer escolha minimamente coerente com nossas vidas precisamos conseguir sair do atordoamento midiático, cultural e social que nos envolve. Mesmo que seja para escolhermos exatamente o que nos oferecem, só que voluntária e conscientemente.


Afinal, você quer o que você quer?
Afinal, para fazermos qualquer escolha, precisamos saber o que queremos. E a maior parte de nós não tem
É isso o que te faz feliz? De verdade?
Se é o que te falta para isso?
Se não é, está esperando a autorização
de quem para ir além?
muita certeza disso. Atendo diversos clientes  que querem ser "bem sucedidos", "profissionais de sucesso" e até mesmo "felizes". Quando pergunto a cada um deles "o que exatamente você quer dizer com 'bem sucedido' ou 'profissional de sucesso'" as respostas são, sempre, diferentes. Quanto mais específico eu peço que um cliente seja, mais diferente fica a ideia de "felicidade". Uns querem conforto, outros viagens, uns querem famílias numerosas, outros lançar livros ou produzir no mínimo oito curta-metragens por ano!

Se de alguma forma você percebe que o mundo está complexo demais para te dar respostas concretas sobre a sua felicidade, parabéns, você está no caminho certo! É isso mesmo! Há tantas opções à disposição que é como se vivêssemos encontrando uma encruzilhada a cada passo, o que sim, causa um constrangimento e uma forte tensão! Sentimos como se todas as vidas no mundo estivessem fluindo, menos a nossa! E é claro que nessas horas aparecerão milagrosamente várias escolhas para aliviar essa tensão. O problema é que a maior parte delas só nos gerará um alívio momentâneo que será substituído pela sensação de vazio, a impressão de tempo perdido e a necessidade de fazer outra escolha, ainda mais depressa, claro!

Filhos ou profissão, advocacia ou gastronomia, cidade ou campo, cirurgia ou fisioterapia, academia ou pilates, frito ou grelhado? Às vezes o excesso de escolhas, possibilidades, caminhos e modelos acaba dificultando e gerando uma incômoda sensação de imobilidade.

Opções
É claro que, em linhas gerais, é ótimo ter opções. Muitos talentos para a música se perderam numa família de médicos e talvez minha bisavó pudesse ser uma grande literata se, na época dela, houvesse abertura para que ela fizesse essa escolha. Mas a reversão completa é tão enclaurusante quanto! A multiplicidade absurda de caminhos causa uma enorme ansiedade e, normalmente, é a pior parte da indústria farmacêutica que vai se beneficiar disso. Toma um rivotril, um prozac, e seja "feliz"!

De onde vem a vontade?
O primeiro passo para assumirmos o controle de nossas escolhas é assumirmos o conflito. Todos nós temos conflitos internos, interesses em dissonância gerando uma guerra de desejos. Se por um lado queremos "formar uma família", por outro queremos "ter a liberdade de curtir a vida", tanto queremos uma barriga "sequinha" quanto o sorvete com crocantes e calda de caramelo.

É desse campo de forças em conflito que sobressai, em geral, nossa vontade. E se não parecemos ter a "vontade" que gostaríamos para começar aquele nosso projeto do ano, será que não estamos satisfazendo uma outra vontade íntima? De conforto, segurança ou estabilidade? E como poderíamos satisfazer essas vontades que nos sugam a energia e, ainda assim, corrermos atrás do futuro que queremos? É possível usar todas as nossas forças como impulsionadoras para as nossas metas? E se fosse, como seria?

Expectativas e desejos
É preciso conseguir distinguir o que nos trará satisfação imediata do que nos trará conforto íntimo conosco mesmos tanto quanto é preciso saber perceber o que desejamos e o que é desejável que desejemos. Há toda uma série de expectativas sociais, familiares, laborais e culturais sobre o que deveríamos ou não fazer.

Muitas vezes escolhemos algo não porque aquilo está de acordo com o que realmente desejamos, mas por influência de nossos amigos, parentes ou o grupo do qual fazemos parte. É muito comum que pais influenciem filhos na tomada de decisão com relação à vida profissional e às vezes até mesmo afetiva.

Bar, cerveja, futebol: O que para uns é natural
para outros pode ser uma farsa, ou simplesmente
uma rotina entediante. 
A sociedade também cria suas expectativas e impõe seus quereres, tentando nos enquadrar no estilo de vida que ela (ou seu grupo mais influente) acha melhor. Talvez você não se sinta à vontade com a ideia de passar a vida inteira sendo um sujeito competitivo, vitorioso, bem-sucedido, magro e sarado. Lembro-me de um cliente que me disse: "Não vejo a hora de envelhecer, para comer em paz e ir morar longe dessa cidade." É óbvio que, para ele, as pressões das expectativas alheias eram enclausurantes, torturantes!

Ilusões convenientes
Não pense que entre os índios cada qual vive como quer. Não. Cada cultura e sociedade cria seus papéis e
As expectativas sobre o futuro na sociedade
japonesa são enclausurantes para nós no
ocidente. A taxa de suicídio de jovens é
lendária desde o estudo de Durkheim até hoje.
faz o possível para enquadrar seus membros neles. Para os hindus, os falsos desejos, esses que nos são enfiados goela abaixo pelas propagandas e pelas expectativas sociais são véus que turvam a nossa vista para os verdadeiros desejos da nossa alma, aqueles que nos colocarão de frente para a jornada que motivou nossa encarnação. Para eles a nossa visão da vida é composta de várias camadas de ilusões e o nosso processo de maturação enquanto indivíduos depende da quantidade de véus conseguirmos retirar de nossas leituras da realidade ao longo de nossa vida. O que pode parecer, para nós ocidentais, um grande paradoxo desse tipo de pensamento é que só se torna livre quem cumpre seu destino.


Por que aceitamos imposições?
E por que aceitaríamos que nossos pais, amigos e sociedade nos imponham o que eles acreditam ser o "melhor" para nós? Basicamente porque precisamos de reconhecimento e aceitação por parte das pessoas que escolhemos como importantes para nós. A partir da necessidade humana de reconhecimento e aceitação vamos negociando a satisfação dos nossos interesses íntimos e dos interesses dos nossos chefes, da nossa tribo ou do nosso meio acadêmico ou profissional.
Necessitamos de reforços constantes
de afeto e reconhecimento externos
para nos sentirmos significativos.

A energia psíquica precisa fluir, se for
represada vai somatizar em doenças
ou se manifestar em atos falhos etc.
Enquanto repetimos o padrão que o grupo espera de nós reforçamos o apoio mútuo na rede que trama nosso reconhecimento por um determinado meio. À medida em que vamos escolhendo diferentes caminhos começamos a temer diferentes formas de rejeição, abandono e estigmas. Isso faz parte dos sistemas de interação social e seus mecanismos de reprodução e resistência.

Culpa, vergonha e frustração
Quando os desejos alheios brigam com os nossos desejos tendemos a sofrer um bocado. São dois pólos de um cabo de guerra que, quanto mais distantes, mais criarão uma tensão entre eles. As tensões, nesse caso, poderiam ser chamadas de culpas, vergonhas ou frustrações.

Fluxos e refluxos da energia
Se diante do risco da incompreensão abdicamos dos nossos desejos sistematicamente para nos adequar às "coisas como elas são", corremos o risco de pagar um preço altíssimo! O desejo reprimido de hoje é a úlcera de amanhã, ou a irritação, a precipitação e o acidente. A energia psíquica que não consegue fluir de forma criativa não vai ficar represada eternamente. Nossa energia psíquica é como água, ela vai encontrar um caminho e, se não criarmos um, ela vai estourar um caminho!

O que te impede, hoje, de criar um caminho mais autônomo, um caminho que seja uma integração entre o que você quer e quem você é, entre quem você está sendo e quem você pretende ser? E se você pudesse fazer diferente, como seria? E se você pudesse facilitar para que as pessoas ao seu redor compreendessem essas suas novas escolhas, como faria?

Expressão e identidade
Triunfo da Persona:
Que todos saibam
onde vou, do que gosto
e quem eu "sou"
Nas pequenas comunidades, onde todo mundo sabe quem é quem e o que cada um faz e como, as pessoas se reconhecem e se conectam pelo que são, embora haja uma grande gama de restrições sobre as escolhas possíveis. Mas nas grandes cidades vivemos cada vez mais isolados e menos íntimos uns dos outros, assim criamos ferramentas para suplantar esse isolamento. Informamos pelo que possuímos e geramos nossa identidade através de check-ins em lugares em que vamos, fotos dos eventos que participamos, compras que exibimos etc. Com isso geramos várias referências externas que tentam dar conta da interpretação alheia sobre quem somos. Isso explica aquela citação que diz que "gastamos o que não temos para comprar o que não necessitamos para mostrar para pessoas de quem não gostamos uma vida que não temos", ou algo do gênero.

Felicidade e consumo
Ninguém está dizendo que seja errado juntar dinheiro ou ter um bom emprego, um carro novo ou uma casa confortável. Consumir é necessário e dentro de certos limites até saudável, a questão é conseguirmos destacar a "felicidade" - conceito tão abstrato quanto relativo e pessoal - dos desejos materiais. Segundo o budismo e o cristianismo podemos muito bem ser felizes com ou sem bem materiais. Uma questão independe da outra, não são da mesma ordem.

 À medida em que depositamos nossa felicidade nas coisas estamos apegados e vamos sofrer, porque elas vão perecer, sumir ou deixar de ter o mesmo valor financeiro ou simbólico que tinham anteriormente.

Necessidades universais
Mas, afinal, quais são os desejos verdadeiros? Como eles nascem? Essas perguntas estão entre as mais antigas que a humanidade já fez. Todo o budismo, seja ele Mahayana ("grande veículo") ou Hinayana ("pequeno veículo") se apóia na ideia de que a causa de todo sofrimento é o desejo ignorante. Mas existem várias leituras possíveis dependendo de a quem e mesmo quando você pergunte. A inovação do método coach talvez seja procurar primeiro perguntar a quem quase nunca é questionado, o próprio sujeito! E, a partir daí, buscar com o cliente, o equilíbrio possível entre o que ele quer e o que é possível dentro da "margem de manobra" que a situação da vida dele proporciona! Podemos plantar o que quisermos, mas dependendo do nosso "terreno íntimo" de contextos e situações de vida é que vamos saber o que vai "vingar" ou não.

Será que não se espera demais dos modelos
de visão de mundo criados por outras pessoas?
Há 25 séculos um aristocrata grego chamado Platão filosofou sobre todos sermos movidos por uma mesma vontade universal que ele chamou de agatos ou "perfeição", mas ainda que nós fôssemos contemporâneos dele e fôssemos também aristocratas, dificilmente teríamos a mesma ideia de "perfeição".

Até hoje há pessoas que baseiam suas leituras da realidade e suas expectativas em relação à vida nas ideias desse pensador. O que não é, em si, problema nenhum! O problema é crer que tudo o que possa ter sido pensado para a felicidade de um cidadão brasileiro no ano de 2014 já tenha sido antecipado por um cidadão que hoje em dia seria considerado misógino, preconceituoso e escravocrata! Então jogamos fora tudo o que foi pensado por ele? Claro que não! Mas adaptamos o que nos interessa de Platão e do budismo e construímos nosso próprio mosaico de referências pessoalmente válidas.


Como o coaching pode me ajudar?

A questão é que nem sempre temos essa clareza sobre o que representa algo de nossos interesses e o que nos é imposto quando estamos mais social e cronologicamente próximos. É fácil definir o que é "do Platão", mas é difícil definir, com as mesma objetividade, o que é "dos meus pais". É um exercício constante de autopercepção e autoconhecimento. Essa é uma das principais funcionalidades do processo de coaching: um diálogo construtivo e franco sobre o que realmente importa na sua escala pessoal de valores.

Lembro-me até hoje de quando me perguntaram francamente "qual é a coisa mais importante da sua vida?". Fiquei três dias para achar a resposta e, quando achei, isso efetivamente mudou o caminho que a minha vida estava tomando. O mais importante é que ninguém havia feito aquela pergunta para mim até então, todos, com toda a boa vontade e melhores intenções do mundo, haviam me orientado para essa ou aquela escolha e possibilidade, mas não haviam sinceramente perguntado o que eu achava.

Listinhas e modelos

O economista
Podemos perguntar a diferentes profissionais quais são as necessidades humanas básicas. Manfred Max Neef, um economista chileno ganhador do Prêmio Nobel em economia alternativa reduziu as necessidades básicas humanas a nove: afeto, liberdade, subsistência, compreensão, participação, criação, identidade, proteção e ócio.

O psicólogo
Abaham Maslow, um psicólogo americano, criou a ideia de que teríamos que escalar uma pirâmide de necessidades passo a passo começando a partir das necessidades fisiológicas e passando pelas necessidades de segurança, amor e estima até chegarmos ao topo, na realização pessoal.

Seres humanos diferentes têm
necessidades diferentes.
Teríamos diferentes hierarquias, esquemas, modelos e listas se perguntássemos a um advogado, um padre, um artista plástico ou um lenhador. E provavelmente todas elas exibiriam pontos que seriam aplicáveis em nossas vidas e pontos que não se encaixariam perfeitamente - ou até seriam absurdos! imagine o celibato para um homem casado! - nenhuma delas se aplicaria tão perfeitamente a nós quanto uma estruturada a partir de nós mesmos.

Ouso dizer que nossas vidas são feitas da matéria de nossas certezas e inquietações. Inquiete-se e descubra-se. Se não gostar do que vir, reestruture-se.

O trabalho do coach
O trabalho, ao longo do processo do coaching, é justamente incentivar e potencializar esse processo: ajudar a delimitar através de perguntas e práticas direcionadas ao cliente quais são os critérios que ele julga importantes e significativos para a vida dele. É determinando esse eixo doador de sentido para a vida do cliente que podemos avançar no processo de coaching para a tomada de decisões que impulsionem o cliente para o melhor de si mesmo, para além de todos os modismos, esquemas e listas que, com todos os ganhos e com toda a boa intenção com que são criados, não podem ser diretamente aplicados à vida pessoal de ninguém sem que corramos o risco de nos perdermos em corresponder a padrões e expectativas que podem não ser exatamente nossos.
Está esperando o quê
para parar de jogar dados
com o destino e assumir
a autoria pela sua biografia?

O trabalho de análise e criação desses "crivos" internos a partir do qual tomaremos nossas decisões é um trabalho pessoal e intransferível, que confere muito mais autonomia ao sujeito para que ele possa se tornar o autor e assumir uma plena autoridade sobre a sua vida!


Renato Kress
Coach (SBC-SP)
Antropólogo e cientista político (PUC-RJ)
Especialista em Psicologia Analítica (IBMR-RJ)
Trainer em PNL (IN-PNL, Inglaterra e DVNLP, Alemanha)
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