terça-feira, 6 de maio de 2014

Você sabe qual o seu Estado Interno Base?

Por Renato Kress,
o cara da cabeça menos avantajada
na foto acima.
Você anda muito "alheio", avoado, esquecendo as coisas, deixando passar datas e refletindo sobre o sexo dos anjos, o significado profundo da vida e da morte? Ou muito irritadiço, tenso, querendo arrombar a todo custo o caminho entre você e sua meta, tropeçando nas pessoas, querendo fazer desaparecer as velhinhas que retardam sua corrida pelas calçadas estreitas da vida? Na maior parte das vezes se projeta num carro novo ou prefere a sensação de estar dentro do seu próprio carro atual? Treina mentalmente os discursos que fará, a forma de abordar aquele assunto daqui a uma semana, naquela reunião importante? Ou deixa o improviso trazer a intuição no calor do momento? Na maior parte das vezes você se percebe em primeira ou em terceira pessoa? E será que isso muda muito a maneira como você vê o mundo ou como o mundo vê você?" 


O estado-base
Seu estado-base é aquele no qual você se sente mais em casa. Não é necessariamente o mais provido de recursos nem o mais confortável, mas é o mais familiar para você. Quando já está estabelecido a um longo tempo - muitas vezes desde a infância, podemos confundí-lo com a única maneira de ser, de ver o mundo e de reagir a ele, dificultando nossa leitura da pluralidade e da riqueza do mundo. Quem de nós não conhece pessoas completamente fechadas em alguns assuntos, não é mesmo?

A tal "zona de ação", onde querem
que você fique até se exaurir completamente.
Depois da exaustão sabe o que nós fazemos?
Consumimos mais rápido e com menos critérios.
Nosso estado-base é a combinação de nossos pensamento e sentimentos habituais, em grau físico ou mental.

Nosso estado-base vai regular a forma como nos expressamos diante do carrossel de acontecimentos em nossas vidas

7 perguntas para tornarmo-nos conscientes de nossos estados-base:

1. O quão confortável você se sente em seu corpo?

2. Que pontos uma caricatura enfatizaria?

3. O quão alto é o seu nível usual de energia?

4. Qual é o seu nível usual de atenção, consciência e energia mental?

5. Você se orienta mais costumeiramente pelo que vê, pelo que ouve ou pelo que sente? (Visual, auditivo ou cinestésico?)

6. Se você pudesse dar um nome para a sua emoção predominante, qual seria?

7. Se você pudesse dar um nome para o seu estado de espírito predominante, qual daria?

Outras 7 esferas de percepção
A grande questão agora é perceber o quanto esse nosso estado-base, essa nossa autoimagem, reflete-se em outras esferas da nossa vida.

1. Que partes do seu ambiente apoiam ou limitam seu estado-base?
2. Que habilidades você possui nesse estado?
3. Que crenças e valores você manifesta mais comumente para si e para os outros nesse estado?
4. O quanto esse estado-base faz, para você mesmo, parte da sua identidade pessoal?
5. Pensando na passagem do tempo, o quanto o seu estado-base mudou ao longo dos anos? Por quanto tempo ele tem permanecido o mesmo? Por quê e quando ele mudou?
6. É possível apontar um momento em que se fixou no que esse estado-base é agora?
7. Já percebeu esse mesmo estado-base em alguma outra pessoa?

"Dentros" e "foras"
Projetar seus pontos de vista a diferentes
momentos da sua vida é uma das maneiras
mais simples de adquirir uma visão mais plena
de si e da vida.
Sempre que estamos mais conscientes de nossos estados-base podemos pensar neles de maneira mais distanciada e, naturalmente, mais crítica também. Você está satisfeito com o seu estado-base? Ainda que esteja, é possível torná-lo ainda mais saudável, equilibrado e bem provido de recursos necessários para a sua vida cotidiana? Aliás, o seu estado-base te fornece os melhores recursos possíveis para a sua vida atual? Me sinto obrigado a fazer essa pergunta entre outros motivos porque é comum que por uma questão de comodidade e mesmo de repetição por um longo período de nossas vidas fiquemos aficcionados por um estado-base do passado que não necessariamente detém os melhores recursos, ideias e saídas para a nossa vida de hoje.

É importantíssimo exercitarmos essa auto-crítica ao longo de nossas vidas. É por meio delas, dessas fases de auto-percepção e aprendizado, que vamos maturando, amadurecendo, como indivíduos.

Exercícios de associação e dissociação
A melhor forma de compreender qualquer assunto é vivenciá-lo o mais intensa e nitidamente possível. Então para podermos entender isso agora, que tal um pequeno exercício?
Nós somos o que vemos
e vemos o que somos. 

Associação
.Feche os olhos e imagine-se flutuando para o seu lado, em direção ao seu lado esquerdo ou direito.
.Agora imagine-se olhando para si mesmo a partir do seu novo ponto de vista. Olhe o seu perfil lendo esta matéria.
.Imagine-se flutuando para dentro de você novamente, vendo seu corpo chegar cada vez mais perto até que sua consciência de si e seu corpo estejam novamente no mesmo espaço.
.Quando estiver novamente dentro do seu corpo, vendo essas letras através de seus próprios olhos, você estará "associado".

Dissociação
. Agora imagine-se novamente flutuando para longe de seu corpo.
. Veja-se em terceira pessoa. Lá está "ele" ou "ela".
. Faça uma pequena viagem pelo ambiente, vendo-se por diferentes ângulos (como na câmera do filme Matrix, lembra?).
. Quando estiver se vendo pelo lado de fora, estará "dissociado".

Para quê mesmo que serve isso?
Associação e dissociação não são apenas formas diferentes de ver uma imagem mental, são formas diferentes de experimentar o mundo e de registrá-lo. Ao longo de nossas vidas tendemos a adotar uma perspectiva mais ou menos associada. Em geral quando estamos associados temos sensações e sentimentos que acompanham nossas experiências e, quando estamos dissociados tendemos a ter racionalizações e intuições relativos à nossa experiência.

Traduzindo para uma linguagem elemental a associação amplia nossos sentimentos (água) e nossas sensações (terra) e a desassociação amplia nossas racionalizações (ar) e intuições (fogo). Todas são úteis em diferentes contextos. O uso consciente é que faz a diferença real e até mesmo estratégica.

Agora na prática:

> Pense naquela sua última recordação desagradável.

> Verifique o tipo de imagem que tem em sua mente.

> Você está associado, olhando através dos próprios olhos? Ou está dissociado, se vendo na situação?

> Seja qual for a resposta, mude a representação e tente de outra maneira. O que muda? O que você percebe sobre você e sobre a situação como um todo?

> Agora volte para como estava antes.

> O que você prefere?

> E o mais importante: O que você aprendeu sobre si mesmo?

Culturas e Perspectivas
Para a maior parte das pessoas dentro da cultura ocidental contemporânea estar associado traz as sensações de volta mais intensas, porque estão acostumadas a ver e pensar as coisas através de seus próprios pontos de vista, exercitando pouco a leitura "de fora para dentro" ou o se colocar "no lugar do outro".

Mas nem sempre é assim. Uma prova de que isso é aprendido é a forma como muitas crianças tendem a projetar a própria percepção nos seus brinquedos, nos animais e nas plantas, muitas vezes até mesmo "sentindo" a dor deles e gerando uma empatia com eles. Engraçado pensar, e se estivermos negando nossa própria capacidade intrínseca de empatia quando tachamos de infantilizada a sensibilidade mais abrangente dos nossos filhos, soibrinhos, afilhados, netos? E se estamos, o que queremos defender com essa postura?
Que tipo de mundo diz que a sensibilidade
e a capacidade de se colocar no lugar do
outro é uma postura infantil?

Esses são apenas alguns dos questionamentos e percepções que podemos ter através de um dos mais simples exercícios da PNL (programação-neurolinguística) aplicada ao coaching. Quais você andou tendo ao longo dessa leitura? Deixe suas impressões nos comentários!

Até amanhã!

Renato Kress

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