quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nascendo...

E o que nasceu em nós nesse ano?

O que cresceu, fincou raízes e se encaminhou desde a semente, na ideia, até as mãos, em ato, e aos olhos dos que nos cercam, em expectativa? O que de nós frutificou?

Todo o nosso corpo se refaz, célula a céluca, completamente, a cada sete anos. Do dia 24 de dezembro de 2012 até hoje, um sétimo de nossa vida é completamente novo, insólito, desde a raiz. Quase como se a cada domingo tivéssemos uma construção nova, erguida com a argamassa das nossas palavras, batida e mexida com as areias dos nossos sonhos e a cola dos nossos atos, cimentando um renascimento íntimo, progressivo, de nós mesmos.

Nesse um sétimo anual de recriação nossa, quantas vezes plantamos, no solo da mente dos outros, o exemplo do que gostaríamos que semeassem em nós? Quantas vezes rimos, genuinamente, daqueles que queriam nos fazer acreditar que não somos merecedores, completos, amados? Quantas vezes perdoamos quem nos tem ofendido? Quantas vezes perdoamos a nós mesmos, por ofender à nossa memória, sendo e fazendo menos do que merecemos, do que podemos?

Lembrando das imagens que marcaram nosso ano, o que temos plantado? A semente, que uns temem que floresça em dor e insegurança, talvez seja a maior promessa. Promessa de que já não suportaremos calados a dor e a incerteza difusas, que nos separam, que nos fragmentam o corpo e a alma. Toda vida vem pela dor. Toda Ela.

Os presentes que trocamos são sementes e sementes são promessas, potenciais que precisam de terra, de ato, de gesto, atitudes que serão os nutrientes certos, e de água, de emoção, de vínculo e afeto. De que forma vamos honrar essas sementes nos nossos novos 365 dias até o natal que virá? O que nascerá em nós nesse ano? O que vamos nascendo, em nós, agora?

Feliz Natal

Renato Kress

(Texto de 24/12/2013) 

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